Fonte: Zooprópole
Essa síndrome não tem nada a ver com doenças… A Síndrome de Kessler (Kessler Syndrome) é um cenário proposto pela NASA no qual o volume de detritos espaciais em órbita terrestre seja tão grande que objetos em órbita seriam frequentemente atingidos por esses detritos – o que geraria mais detritos, e aumentaria ainda mais o risco de futuros impactos.
Essa reação em cadeia poderia, teoricamente, impedir a exploração espacial – e até mesmo o uso de satélites, no futuro… Afinal, mesmo uma partícula do tamanho da cabeça de um alfinete pode danificar ou mesmo destruir um satélite ou uma espaçonave, pois muitos detritos permanecem voando a velocidades superiores a 30.000km/h.
O lixo espacial é composto das mais variadas coisas, desde satélites desativados e estágios inteiros de foguetes a parafusos, estilhaços criados por explosões, cascas de tinta, ferramentas perdidas por astronautas e uma infinidade de pequenos objetos e partículas.
A maioria dos detritos espaciais atualmente em órbita foi criada por explosões – intencionais ou não – de satélites e foguetes: aproximadamente 100 toneladas de fragmentos gerados por cerca de 200 explosões espaciais continuam em órbita.
Um dos mais graves incidentes de criação de detritos ocorreu em janeiro de 2007, quando o governo chinês explodiu um de seus satélites em órbita, para testar um míssil anti-satélite. Essa explosão, sozinha, criou mais de 800 pedaços “detectáveis” de detritos (partículas muito pequenas não são rastreáveis). Mais recentemente, em janeiro de 2008, um míssil americano também destruiu um satélite antigo, mas a posição em que o satélite se encontrava fez com que a maior parte dos detritos reentrasse na atmosfera em questão de semanas…
Atualmente existem mais de 600.000 objetos com pelo menos 1cm em órbita…
Quando detritos colidem entre si, eles muitas vezes são fragmentados em outros pedaços – e esses novos detritos acabam colidindo com outros, replicando o processo. Esse é o perigo da Síndrome de Kessler: talvez um dia não possamos mais manter um satélite em órbita por muito tempo, antes que ele seja destruído.
Fora os danos aos satélites e naves espaciais, há também o risco de danos aqui na Terra. Atualmente têm ocorrido incidentes com lixo espacial que reentra a atmosfera sem controle e coloca vidas em risco.
Um exemplo recente ocorreu com um Airbus A340 da Lan Chile, voando entre Santiago (Chile) e Auckland (Nova Zelândia), no início de 2007, quando pedaços de um satélite russo passaram perigosamente perto do avião antes de caírem no Oceano Pacífico.
Por sorte, há apenas um caso documentado de pessoa atingida por lixo espacial: uma mulher americana, de Oklahoma, foi atingida no ombro por um pedaço do tanque de combustível de um foguete Delta II (ela sobreviveu).
Pelo perigo – presente e futuro – dessa situação, várias nações do mundo têm discutido a questão do lixo espacial, para que métodos e limites sejam criados e obedecidos por todos, limitando assim a proliferação de lixo espacial “novo”.
Os dejetos que já estão em órbita, contudo, além de serem monitorados (especialmente pela Agência Espacial Européia, pela NASA e pela Força Aérea Norte-Americana) têm inspirado a criação de soluções inovadoras para a “limpeza” da órbita terrestre. Alguns métodos propostos são (veja a figura ao lado – clique para ampliar):
1. Aerogel – painéis enormes de um material semelhante ao poliestireno seriam colocados em órbita; eles receberiam os impactos e acumulariam os detritos e, quando “carregados” o suficiente, seriam trazidos de volta à Terra, sendo destruídos na reentrada.
2. Lasers – uma solução teórica (mas não viável, atualmente) seria a colocação de canhões laser em órbita, que poderiam atirar nos detritos e fazê-los modificar suas órbitas (modificando-as para que reentrassem na atmosfera).
3. Coletor orbital – engenheiros da Universidade do Arizona propõem que seja construída uma espécie de nave não-tripulada, guiada por radares e câmeras, e equipada com braços robóticos para coletar os detritos e destruí-los.
4. Redes – Um sistema chamado “GRASP” (de ‘grapple, retrieve, and secure payload’) usaria uma grande rede conectada a cones infláveis para agarrar detritos. Segundo uma empresa que está testando o sistema, uma frota de micro-satélites equipados com GRASP poderiam voar ao encontro de nuvens de detritos, aprisionando-os antes que causem mais danos.
5. Espuma – segundo a NASA, um painel maciço de espuma porosa poderia ser colocado no caminho em que dejetos passarão – e esses dejetos diminuirão de velocidade ao atravessa a espuma, que faria com que eles reentrassem na atmosfera e fossem destruídos.
6. Condutores – cabos condutores de cobre ou outros materiais condutores poderiam ser instalados em satélites antigos e, uma vez estendidos, eles reagiriam com o campo eletromagnético da Terra e se tornariam uma espécie de âncora supercondutora, que diminuiria a velocidade orbital do satélite e faria com que se precipitasse no inferno da reentrada.
De qualquer maneira, esses são planos teóricos para o futuro. Atualmente só nos resta não aumentar a quantidade de lixo orbital – e desviar dos pedaços quando possível.
Neste outro POST nós mostramos um aplicativo da NASA para que você possa rastrear satélites (ativos ou inativos), mas ele não mostra o lixo espacial.
Se você tiver o Google Earth instalado no seu computador e quiser ver toda a camada de lixo espacial na órbita terrestre, há um aplicativo grátis interessante: o Space Junk Catalog (para baixar o arquivo tipo KMZ, use este LINK), desenvolvido por Saso Sedlacek.
Essa imagem acima é do Google Earth usando o layer do Space Junk Catalog.
Eu testei, e é legal… Usando o Google Earth, que é fácil de manusear, você vê o lixo espacial em órbita, e acessa informações clicando nos objetos.
Referências: wikipedia, universe today, universidade do colorado, wired, new york times,
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